quarta-feira, agosto 29, 2007

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É curiosa essa vida. Há momentos em que mesmo tendo uma cabeça que caberia muito bem num corpo de 1,90m de altura mas medindo apenas 1,80m, ou não tendo os incisivos laterais levemente inclinados para fora, ou tendo pernas finas de roqueiro, essas coisas, elas perdem importância. Talvez você ainda não tenha reparado, mas essas são as coisas mais legais, as únicas coisas que são dignas de pouca preocupação. Meu nariz grande e ok, meus incisivos laterais não inclinados para fora - oh bosta. Está tudo esquisito, as pessoas corrigindo essas coisas tão bonitinhas. Talvez eu opere meu nariz, mesmo achando ele ok, mas aí é só pra mudar de cara porque isso é o tipo da coisa que enjoa. Quero dizer, quantos modelos de bigode posso cultivar? Quantos cortes de cabelo? Nunca usarei um cavanhaque, pelo amor de deus. Mas os incisivos laterais, queria os dois inclinados para fora. Um pouquinho só.

Eu juro que ia falar alguma coisa do tipo de como a vida parece boa em alguns momentos, em como mesmo sendo qualquer coisa pode-se fazer algo que faça você mesmo contente. São coisas praticamente esquecidas nesses tempos. Esquecidas por mim, eu quero dizer. Aliás, tudo que eu disser, sejam espertos: Ignorem. Estou otimista e rindo sozinho. Não tem novo amor, nada disso. São só, você sabe, são só coisas. Uma música aqui, outra ali.

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quarta-feira, agosto 15, 2007

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Reparo agora que este blog perde-se em assuntos de importância ridícula nos posts mais recentes. Tenho vontade de deletá-los todos, mas se fizesse, pareceria que não posto há muito tempo e não quero passar por vagabundo porque aí está uma coisa que, infelizmente, não posso ser. Outro risco seria deste blog ser tido como morto por algum visitante desatencioso. Este não é tão preocupante já que vivo ou morto, este blog vale a mesma coisa. Dois centavos de dólar (não sei como está o câmbio, mas isso deve dar uns quatro centavos de real, mias ou menos).

Tentei postar um video do youtube aqui hoje umas cinco vezes e em todas recebi um erro em minha inbox. Desisti. Quando eu tinha dezesseis, dezessete anos, eu queria ser desenhista da Marvel Comics. Fui estudar e pratiquei muitas madrugadas. Geralmente começava a desenhar às 22h e parava por volta das 5h. Fazia isso diariamente, exceto nos dias em que não fazia, claro. Mas se eu falar que fazia diariamente vou parecer mais certinho. Eu era um jovem certinho. Nada de álcool, nada de drogas. Eu encontrei uma foto minha, um 3x4, dessa época. A pele mais clara, menos manchada, sem olheiras. Um cabelo bem cortadinho. Eu já escrevia músicas. Escrevia em folhas soltas, então perdi muitas, diria mesmo que perdi todas, graças a deus. Lamento só por uma delas. Não lembro de nenhuma palavra da letra, (talvez tivesse a palavra "peixes"), mas lembro bem do que se passava em minha vida quando a escrevi. É mais ou menos como um clipe do Smashing Pumpkins que eu costumava ver muito quando tinha uns doze anos. Não porque gostava da banda, era só coincidência. Assistia pouca televisão, mas sempre que ligava o aparelho, lá estava o clipe. 1979, a música. Vi sem querer estes dias aqui em casa, na televisão mesmo. Minha namorada estava comigo e foi um pouco constrangedor porque... como dizer isso... hm, eu chorei. Foi como se minha memória tivesse sido acordada de um sono profundo por um travesti albino e gordo, com o chicote do Beto Carrero e as botas da Xuxa. Eu nunca trabalhei pra MarvelComics. Nunca mandei sequer uma página teste, embora tenha sido muitas vezes aconselhado a fazer isso por pessoas que eu respeitava muito. Eu mudei de idéia. Eu desisti, ainda bem.

Eu gostava de ser como eu era e queria muito saber em que momento perdi a parte da minha enorme ingenuidade que me permitia acreditar que eu poderia fazer o que eu quisesse, quando quisesse. Não tenho nenhuma grande frustração com o trabalho em nenhuma das atividades que me meti a executar, não é isso. É mais ou menos perceber que Mick Jagger vai morrer e não me conheceu, ou que não vou a uma festa daqui a pouco com Alex Turner e Caleb. Que não vou sair na porrada com Pete Doherty em um pub sujo, pra depois bebermos juntos com a cara inchada, discutindo rimas e o cheiro da Kate Moss. Que nunca serei apresentado à Scarlett Johanson. (Obrigado, mas não quero ser amigo do Thiago Lacerda, ou do Dinho Ouro Preto, obrigado mesmo. Talvez eu comesse a Karina Bacchi, mas é como disse uma amiga - isso é porque eu sou uma vadia.)

O tempo, esse inoxidável. Aço inox Tramontina.

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