:: :: :: : ::::
"A característica mais sofrível da péssima literatura de auto-ajuda é haver quem não entenda nada além disso." Padre Quevedo.
Você deveria ter me dado a Gibson. Não faz idéia de quanto vai se arrepender por não ter feito isso. Mas não sinta culpa, por favor. Eu consegui uma outra guitarra, não tão famosa, não tão cara, com problemas no terra e, consequentemente, chiados - mas muito interessante mesmo assim. Você precisa ver. Não, não precisa, mas se acompanha este blog há mais de um mês, provavelmente vai querer ouvir as canções que estou finalmente dando como terminadas. Elas ainda vão demorar um pouco para entrar em algum lugar que vocês por acaso pudessem ter acesso. Vou fazer um trabalho bem feito com a gravação - são o que eu quero que sejam e isso me faz querer cuidar bem delas. E me desculpo antes que me esqueça por mesmo assim me meter aqui a falar de coisas que vocês não conhecem. Desculpa aí.
Nada disso me incomoda, nem me orgulha - só acho que devo comentar o fato de que tenho me sentido maravilhosamente tranquilo. Preciso reconhecer que estou fazendo - com toda a habilidade e estilo de um rapaz com 25 anos, brasileiro, cliente Claro, sem residêcia fixa, com sua educação inicial fundamentada nas mais habitáveis (mas não sempre) escolas públicas da Z. Leste de São Paulo, violência familiar, e um livro sobre raças de cães da minha avó - alô, Dona Dhelma! Mas como dizia, preciso reconhecer, como se tivesse lido há muitos anos um conselho de Seymour: finalmente faço algo em que vejo minhas estrelas brilharem (obviamente, gravarei todos os erros temporariamente invisíveis dos quais me arrependerei no futuro, mas seria assim de qualquer jeito). O que me deixa mais feliz - a ponto de vir aqui escrever algo como registro, ou mesmo encontrar um antigo amigo hoje, e ver o que ele é e nem sabe, com seus quilos a mais dentro da cabeça, com seu recém comprado Golf que é mó status, é outra história quando você vai pegar as mina, mó dahora, cara. (Mostrei minhas músicas a este pobre sujeito e sua cara de quem não havia compreendido nada enquanto dizia Legal, legal foi recebida com a mesma serenidade com que receberia dele um elogio maior, algo como: achei um lixo, mano). Mas conselhos de Seymour, eu dizia. O que me deixa mais feliz ao lembrar de seu conselho, é saber que quando o recebi, já havia encontrado as minhas estrelas brilhantes. O que me deixa feliz, a ponto mesmo de chorar um pouquinho, numa emoção contida mas genuína demais para ser suportada, é ver que elas, as estrelas bichas e brilhantes, sobreviveram muito bem aos péssimos serviços de manutenção que desempenhei em minha ainda presente juventude. Abro agora a janela e grito: SALINGER, bate na minha bunda, me chama de Matilde! e com isso alimento os boatos da vizinhança sobre minha sexualidade. Já aqui, termino esse parágrafo dizendo que aos dez anos de idade, eu queria ser goleiro, mas para desmoralizar qualquer pensamento impuro sobre sexualidade relacionado a este lindo fato, deixo claro que o que me encantava na profissão era ver um sujeito jogando isolado em um campo, com movimentos heróicos sempre prontos a evitar o grito ensurdecedor do clímax dos que torciam por seus oponentes. E isto, para alongar um pouquinho mais este parágrafo constrangedor, credito às mais habitáveis escolas públicas.
Finalmente posso sentar ao seu lado, meu amiguinho imaginário que visita esse espaço numa obsessão doente por algum texto ruim. Posso mesmo encará-lo com um sorriso e dizer que seu sapato é muito bonito, mesmo assim com os cadarços desamarrados - mas não sem lembrar que grande parte da beleza dele é consequência do comprimento precisamente inadequado da barra de suas calças.
Você deveria ter me dado a Gibson. Não faz idéia de quanto vai se arrepender por não ter feito isso. Mas não sinta culpa, por favor. Eu consegui uma outra guitarra, não tão famosa, não tão cara, com problemas no terra e, consequentemente, chiados - mas muito interessante mesmo assim. Você precisa ver. Não, não precisa, mas se acompanha este blog há mais de um mês, provavelmente vai querer ouvir as canções que estou finalmente dando como terminadas. Elas ainda vão demorar um pouco para entrar em algum lugar que vocês por acaso pudessem ter acesso. Vou fazer um trabalho bem feito com a gravação - são o que eu quero que sejam e isso me faz querer cuidar bem delas. E me desculpo antes que me esqueça por mesmo assim me meter aqui a falar de coisas que vocês não conhecem. Desculpa aí.
Nada disso me incomoda, nem me orgulha - só acho que devo comentar o fato de que tenho me sentido maravilhosamente tranquilo. Preciso reconhecer que estou fazendo - com toda a habilidade e estilo de um rapaz com 25 anos, brasileiro, cliente Claro, sem residêcia fixa, com sua educação inicial fundamentada nas mais habitáveis (mas não sempre) escolas públicas da Z. Leste de São Paulo, violência familiar, e um livro sobre raças de cães da minha avó - alô, Dona Dhelma! Mas como dizia, preciso reconhecer, como se tivesse lido há muitos anos um conselho de Seymour: finalmente faço algo em que vejo minhas estrelas brilharem (obviamente, gravarei todos os erros temporariamente invisíveis dos quais me arrependerei no futuro, mas seria assim de qualquer jeito). O que me deixa mais feliz - a ponto de vir aqui escrever algo como registro, ou mesmo encontrar um antigo amigo hoje, e ver o que ele é e nem sabe, com seus quilos a mais dentro da cabeça, com seu recém comprado Golf que é mó status, é outra história quando você vai pegar as mina, mó dahora, cara. (Mostrei minhas músicas a este pobre sujeito e sua cara de quem não havia compreendido nada enquanto dizia Legal, legal foi recebida com a mesma serenidade com que receberia dele um elogio maior, algo como: achei um lixo, mano). Mas conselhos de Seymour, eu dizia. O que me deixa mais feliz ao lembrar de seu conselho, é saber que quando o recebi, já havia encontrado as minhas estrelas brilhantes. O que me deixa feliz, a ponto mesmo de chorar um pouquinho, numa emoção contida mas genuína demais para ser suportada, é ver que elas, as estrelas bichas e brilhantes, sobreviveram muito bem aos péssimos serviços de manutenção que desempenhei em minha ainda presente juventude. Abro agora a janela e grito: SALINGER, bate na minha bunda, me chama de Matilde! e com isso alimento os boatos da vizinhança sobre minha sexualidade. Já aqui, termino esse parágrafo dizendo que aos dez anos de idade, eu queria ser goleiro, mas para desmoralizar qualquer pensamento impuro sobre sexualidade relacionado a este lindo fato, deixo claro que o que me encantava na profissão era ver um sujeito jogando isolado em um campo, com movimentos heróicos sempre prontos a evitar o grito ensurdecedor do clímax dos que torciam por seus oponentes. E isto, para alongar um pouquinho mais este parágrafo constrangedor, credito às mais habitáveis escolas públicas.
Finalmente posso sentar ao seu lado, meu amiguinho imaginário que visita esse espaço numa obsessão doente por algum texto ruim. Posso mesmo encará-lo com um sorriso e dizer que seu sapato é muito bonito, mesmo assim com os cadarços desamarrados - mas não sem lembrar que grande parte da beleza dele é consequência do comprimento precisamente inadequado da barra de suas calças.